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O gênero na Escola.      
                       
Autora:Raquel Guisoni - Secretária de Relações de Gênero da CNTE)   
            A escola reproduz as distinções, desigualdades e as diferenças de gênero. Nem sempre percebemos esta realidade, e até mesmo cometemos o agravante de (re) produzir as discriminações contra a mulher. Isto acontece também na família, no trabalho, na igreja, na política, no sindicato, enfim, em toda sociedade de classes.
            Muitas vezes estas atitudes e ações discriminatórias de gênero, raça, etnia e classe passam a ser, de certa forma, entendidas como “naturais”, para as quais damos pouca atenção. O “natural” passa por “normal” e, assim, praticamos e concordamos com esta realidade, sem nenhuma consciência crítica.
            Nossa intenção é questionar, problematizar e analisar alguns aspectos, tanto da política educacional como sobre o cotidiano escolar, e, portanto, compartilhar inquietações, na perspectiva de estarmos atentos à nossa realidade escolar com a convicção de que é possível mudar, transformar, combatendo todas as formas de opressão, exploração e discriminação.
            A instituição escolar no Brasil era, inicialmente, apenas para alguns - homens e ricos - foi sendo modificada - e precisa continuar avançando na perspectiva de garantir escola pública, gratuita, laica, unitária para todos, desde a educação infantil até a universidade. - Portanto, temos que ter uma política educacional que, de fato, contemple esta proposta, visando uma educação democrática, uma educação não sexista.
            Quanto ao cotidiano escolar, é preciso que nós, profissionais de educação, analisemos quais são nossas concepções de “ser mulher” e “ser homem” e quais concepções ensinamos. Somos (re) produtores das discriminações e desigualdades entre os sexos ou assumimos a luta por uma educação não sexista?           Hoje temos a co-educação, que substituiu as escolas masculinas e femininas. Mas há igualdade entre os gêneros na instituição escolar?
            Analisemos algumas indagações: Notamos que no interior das escolas convivem meninos e meninas? Por que os meninos precisam de maior espaço? Por que as filas são separadas e a escolha de brinquedos e jogos é diferenciada segundo o sexo? Como é tratada a sexualidade na escola e por que a educação é considerada área de atuação feminina? Nos livros didáticos há estereótipos, a língua portuguesa é sexista?
            É de se esperar que os desempenhos nas diferentes disciplinas revelem as diferenças de interesse e aptidão “características” de cada gênero? É verdade que os meninos são mais agitados?
            Por que aulas separadas na educação física? Se analisarmos estas questões e outras, constatamos que não há igualdade entre os gêneros na instituição escolar. Precisamos questionar não só o que ensinamos, mas como ensinamos e que sentido nossas alunas e nossos alunos dão ao que aprendem.
            É necessário problematizar as teorias que orientam nosso trabalho. Precisamos estar atentos para a nossa linguagem procurando perceber a discriminação de gênero/racismo/classe. Precisamos desconfiar do que é tomado como natural, perceber também o que está oculto, o não dito, aquilo que é silenciado.
            A participação da escola, na construção de sujeitos femininos e masculinos, está relacionada com a concepção da sociedade. Nossa atuação deve ser na escola e também na sociedade. Entendemos que a escola não é só local de (re)produção como também lugar de conflitos e confrontos, envolvendo todos que atuam na escola e que podem questionar, criticar, rejeitar suas práticas numa perspectiva de resistência e mudanças para uma educação não sexista.
Sugestão de atividades:
- Observar na sua escola que situações demonstram tratamento diferenciado entre alunos e alunas e proponha alternativas;
- Promover entre o corpo docente, uma discussão sobre as relações e os estereótipos de gênero e o papel da escola como agente promotor da educação não-sexista.
Fonte: Revista MATRIA-8 de Março de 2003.
Coletivo Anti - Racismo
Professora Almerinda Cunha

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