twitter


  

EducacaoHélia Benedita Souza foi uma criança como tantas outras que precisou “pegar no batente” logo cedo e não teve as oportunidades que gostaria. Não conseguiu estudar. O desejo de saber ler e escrever não foi abafado pela rotina imposta pelas dificuldades da vida e em 2003 ela decidiu estudar. Fez matrícula num curso de alfabetização para jovens e adultos e hoje, aos 46 anos, faz faculdade de Serviço Social. Ela conta a própria história para incentivar outras pessoas, que, como ela, ainda podem correr atrás dos sonhos que guardam.
Na manhã de ontem, 9, foi lançado o Plano Estadual de Combate ao Analfabetismo e Elevação da Escolaridade de Jovens e Adultos, o Povo Alfabetizado. A meta é reduzir em 8% os índices de analfabetismo no Acre até 2014.
Segundo o secretário de Educação e Esporte, Daniel Zen, os dados acreanos mostram que o esforço dos últimos dez anos foi significativo, mas ainda há um desafio grande pela frente. “Houve uma queda de 8% no índice de analfabetismo. Foi a maior queda do Norte, mas o Acre ainda é o Estado com o maior índice da região. O número é um retrato do nosso empenho: conseguimos alfabetizar 82.647 mil pessoas. Mas agora o desafio é reduzir de 16,5% para 8,17%. Temos que alfabetizar mais 40 mil pessoas até 2014”.
O governador Tião Viana não pôde participar do lançamento do Povo Alfabetizado para cumprir agendas ministeriais em Brasília. “Eu tenho convicção que vamos vencer esse desafio. Só hoje são 13 mil alunos que vão começar a ser alfabetizados. Nesses últimos dez anos nós conseguimos baixar em 8% o índice de analfabetismo, graças a muito esforço e ao trabalho extraordinário com os nossos parceiros, as associações, os sindicatos, Ongs e igrejas. E vamos continuar contando com esse apoio de vocês para vencer esse desafio”, disse o vice-governador César Messias.
O desafio proposto é o de contribuir no processo de alfabetização de 40 mil pessoas, sendo 15 mil em 2012, 13 mil em 2013 e 12 mil em 2014, além de garantir a conclusão do curso de alfabetização de, no mínimo, 75% dos jovens e adultos matriculados no Programa Brasil Alfabetizado e no Módulo I do 1º segmento da Educação de Jovens e Adultos (EJA). Para ter sucesso nas ações, serão firmadas parcerias entre o Governo Estadual e os governos municipais, contando com o apoio da sociedade civil e dos co-participantes nos processos educacionais e pedagógicos no Acre. (Agência Acre)

Fonte:  Ter, 10 de Abril de 2012 06:04 Agazeta 
Postado 10/04/2012 - Sinteac



cartaz_13a_semana_nacional_2012
Já está disponível no site da CNTE o cartaz e o livreto da 13ª Semana Nacional em Defesa e Promoção da Educação Pública, que acontece de 21 a 27 de abril. Nesta semana a versão impressa do material seguirá para os estados, como preparatória para a mobilização que a CNTE e seus filiados empreenderão em todas as escolas públicas do país. A semana terá como eixo os principais debates da atualidade educacional, como o Piso Salarial Nacional do Magistério, a Carreira Profissional e o Plano Nacional de Educação, com ênfase na aplicação de 10% do PIB na educação.



tabela_vencimentos_2_de_abril_2012_miniatura
A CNTE divulgou a tabela atualizada indicando quais estados cumprem a Lei Nacional do Piso do Magistério (Lei 11.738). De acordo com informações repassadas pelos sindicatos filiados à Confederação, agora são 13 as unidades da Federação que não pagam o piso anunciado pelo MEC, de R$ 1.451,00. Já o número de estados que ainda não cumprem a jornada extraclasse de um terço da carga horária definida na legislação, a chamada hora-atividade, se mantém em 16.


pressione_o_seu_deputado_banner

MOBILIZAÇÃO CONTRA O PROJETO DE LEI QUE MUDA O REAJUSTE DO PISO
Terça-feira, 27 de Março de 2012 - 10:31h
Fonte: CNTE
Postado 10/04/2012 - Sinteac



Desenvolvimento social exclui população negra                                                

Para os brancos brasileiros, padrão de vida é equivalente ao da Suíça; para os demais grupos, realidade é igual à da África

                Se o Brasil já não aparece em posição privilegiada no IDH, Índice de Desenvolvimento Humano medido anualmente pelo PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, o país guarda diferenças gritantes quando este indicador é medido de forma diferenciada entre as populações negra e branca.

                Estudo realizado pela Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), a partir dos dados da Pesquisa Nacional por Amostragem Domiciliar (PNAD) de 1999, mostra resultados assustadores. Enquanto o Brasil figurava em 79º lugar no ranking do IDH daquele ano, o de sua população exclusivamente branca estaria em 49º, próximo ao da Suíça. Já o cálculo do índice limitado à população negra rebaixa o país para 108º lugar, semelhante aos países mais pobres da África. “Esses números mostram que a população afro-brasileira vive em condições quase subumanas, um sinal de que alguém paga o preço da desigualdade”, analisa a assistente social Lúcia Xavier, administradora da ONG Criola, do movimento de mulheres negras.

                Quando limitamos as estatísticas de raça no Brasil ao gênero, as evidências de discriminação tornam-se ainda mais gritantes e mostram um quadro desolador para a mulher negra brasileira. Em resumo, elas ganham menos dinheiro, vivem menos tempo do que os outros grupos da sociedade e estão mais desempregadas, para citar alguns exemplos.

Números do Ministério do Trabalho mostram que o homem branco ganha quase cinco vezes mais do que a mulher negra: elas recebem, em média, 1,7 salários mínimos, seguidos dos homens negros (2,9), das mulheres brancas (3,6) e dos homens brancos (6,3).

Em termos de esperança de vida, são as estatísticas oficiais que denunciam: a mulher negra vive menos do que outros grupos da sociedade: 66 anos, em média, contra 71 anos para as mulheres brancas e 69 para os homens brancos. Só ganham dos homens negros, cuja média de vida é de 62 anos, porque também são as maiores vítimas da violência.

                Tamanha distorção nada mais é do que a “combinação de múltiplas formas de asfixia social” sobre a população negra, excluída historicamente, segundo a filósofa Sueli Carneiro, coordenadora-executiva do Geledés – Instituto da Mulher Negra e representante da Articulação de ONGs de Mulheres Negras Brasileiras no recém-criado Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.


“É preciso reconhecer a desvantagem”

Única representante dos movimentos de mulheres negras no Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, Sueli Carneiro acredita que, para que as políticas públicas sejam promotoras da igualdade de direitos, “é preciso reconhecer a desvantagem estrutural da mulher negra e focalizar os segmentos mais específicos”. Embora reconheça que o Conselho tenha uma “agenda muito precisa” para este primeiro ano – as reformas previdenciária, tributária e trabalhista -, Sueli acha que as políticas governamentais não poderão deixar de priorizar as mulheres negras. Um exemplo, segundo ela, é aquilo que classifica como “o ápice da exclusão”: a mulher negra, nordestina ou nortista, trabalhadora rural e chefe de família. “Essa mulher tem que ser objeto prioritário de políticas de doação de terras, por exemplo, assim como de qualquer outra política social”, diz.

Outro fator que “inquieta” Sueli é que, segundo as estatísticas, a maior parte da população negra está no mercado informal ou no desemprego. Por isso, é necessária uma atuação contundente do movimento de mulheres negras de imediato, enquanto se discute a reforma da Previdência. “É necessário que haja uma proposta suficientemente criativa da Previdência Social, que possa incluir esse segmento que está na informalidade”.

Fonte: Revista Mátria – Publicação da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE (8 de março de 2003).

Coletivo Anti – Racismo

Professora Almerinda Cunha

Postado 10/04/2012 - Sinteac



Tempo, Mulheres e divisão sexual do trabalho                                             

Maria Betânia Ávila


O tempo é um bem escasso na dinâmica da vida social moderna. O que chamamos aqui de tempo é o sistema padronizado de regulação dos períodos de duração de horas, dias e anos etc., que se constitui de fato como uma instituição social. Como nos explica Elias (1998) esse “tempo” do qual falamos e em torno do qual nos organizamos é uma convenção que regula os períodos de duração dos processos.
 
O tempo expropriado

A forma de desenvolvimento capitalista produziu historicamente uma vida cotidiana onde o tempo que conta e que tem valor é aquele empregado na produção, reprodução da vida das pessoas não é levado em conta na distribuição do tempo dentro da relação produção x reprodução. O período dedicado ao descanso, ao lazer, à reposição de energia, de se reconstituir física e mentalmente é aquele que sobra das atividades produtivas. A duração dessa “sobra” é fruto de processos históricos, de transformações nas relações sociais entre capital e trabalho. Não é o mesmo em todo lugar, nem para todos/as trabalhadores/as.

Onde está, portanto, o tempo para os cuidados necessários para manter a vida da coletividade humana, isto é, para o abrigo, a vestimenta, a educação, a saúde e o aconchego? Qual o tempo definido para o cuidado com as pessoas que não têm condições de se auto-cuidar como as crianças, idosos/as e outras pessoas que não têm condições físicas ou mentais para isso? Esse tempo, que não é percebido como parte da organização social do tempo, é retirado da vida das mulheres como parte das atribuições femininas, mulheres que estão no mercado de trabalho, e hoje constituem – no Brasil e em muitos outros países – uma maioria, produzem um tempo para isso tirado daquele que sobra da sua inserção na produção. É aí que se produz a dupla jornada, onde as tarefas da reprodução são entendidas como não portadoras de valor social.

Na prática, sempre houve mulheres que estiveram tanto na esfera da produção como na da reprodução, enquanto os homens, na sua maioria, se mantiveram – se mantêm até hoje – apenas na esfera da produção. Atualmente a inserção das mulheres no mercado de trabalho formal ou informal se expandiu. “Vivencia-se um aumento significativo do trabalho feminino, que atinge mais de 40% da força de trabalho em diversos países avançados e tem sido absorvido pelo capital, preferencialmente no universo do trabalho de tempo parcial, precarizado e desregulamentado” (Antunes, 2000).

Dentro do contexto de reestruturação produtiva há uma flexibilização nas relações de trabalho. Trata-se na verdade de uma precarização das formas de contrato e das condições de trabalho. Nesse contexto, uma das dimensões que se desestrutura é justamente a definição da jornada de trabalho, produzindo-se assim uma certa barbarização no emprego do tempo para a “classe que vive do trabalho” (Antunes, 2000). As jornadas tornam-se irregulares e os períodos de repouso e férias também.

As mulheres formam a categoria preferencial dos empregadores para os contratos de trabalho com o tempo parcial, e para formas de trabalho mais precarizadas, e isso se devem ao fato de que as mulheres ainda são inseridas no mercado de trabalho em condições mais fragilizadas do que os homens. O trabalho com tempo parcial também recorre a uma justificativa conservadora quando em muitos contextos, considera-se que essa forma de contrato traz vantagens para as mulheres em função de suas obrigações com a esfera produtiva.

Como afirma Antunes (2000) “... o capital tem sabido também se apropriar intensificadamente da polivalência e multiatividade do trabalho feminino, da experiência que as mulheres trabalhadoras trazem de suas atividades realizadas na esfera do trabalho reprodutivo, do trabalho doméstico. Enquanto os homens – pelas condições histórico-sociais vigentes, que são, como vimos, uma construção social sexuada – mostram mais dificuldade em adaptar-se às novas dimensões polivalentes, o capital tem se utilizado desse atributo social herdado pelas mulheres”. Esse “atributo herdado” tem sido tão incorporado de tal forma que passa a ser percebido como uma condição natural do feminino o qual está associado à condição de ser das mulheres.

A reestruturação produtiva tem levado, também para o interior do espaço doméstico, as tarefas da produção, que geralmente são destituídas de contrato de trabalho formal e de uma regulação do tempo do trabalho produtivo. Estabelece-se dessa forma um ritmo de trabalho no qual o limite é a capacidade física e a necessidade de produzir a renda, em geral determinada por produtividade. As tarefas reprodutivas vão sendo executadas de forma simultânea dentro do mesmo espaço, criando um ciclo perverso e sem limite de tempo entre as duas formas de trabalho. As mulheres ficam sujeitas à desigualdade da divisão sexual do trabalho, arcando com as consequências perversas das incompatibilidades contidas na organização do tempo social.



O tempo sem valor

O trabalho doméstico, base material de sustentação das necessidades cotidianas, é, no sistema capitalista, inteiramente destituído de valor social. A exploração de gênero e de classe realizada através do trabalho doméstico não tem sido suficientemente levada em consideração nas análises críticas sobre o capitalismo e as desigualdades geradas e reproduzidas neste sistema.

Um trabalho considerado sem valor leva a uma situação onde o tempo empregado na sua realização não é medido nem visibilizado. Para as mulheres a questão do tempo sempre se colocou como algo fora do seu controle. Por tradição, o tempo do trabalho doméstico é elástico, sem limites, sem valor, parte da existência das mulheres. Para as mulheres trabalhadoras as tarefas domésticas se estendem, pelo menos enquanto preocupação, para seu espaço na esfera produtiva. Um trabalho se realiza sem que a preocupação com o outro desapareça. As mulheres ainda liberam o tempo dos homens para dedicação exclusiva às atividades externas ao espaço doméstico. E entre mulheres, são elas que liberam o tempo umas das outras para também se dedicarem às atividades não domésticas.

As mulheres de classe média e alta estão apoiadas no trabalho de outras mulheres – que formam a categoria das empregadas domésticas – para se liberarem no seu cotidiano das tarefas domésticas. Quanto às mulheres pobres que não contam com recursos para contratarem outras mulheres o que se formam são redes de solidariedade comunitária ou familiar nas quais as mulheres trocam entre si o cuidado com as crianças e fazem as outras tarefas domésticas antes e depois da jornada de trabalho remunerado. A cadeia de substituições começa ao amanhecer sem limite de tempo para terminar. No que tange ao tempo da reprodução não houve redistribuição e as mulheres continuam, majoritariamente, respondendo por essa esfera.

O desenvolvimento tecnológico também está voltado para uma maior eficácia no uso do tempo empregado para as atividades domésticas. Há uma produção de modelo de vida cotidiana para as mulheres onde o trânsito entre a inserção no mercado de trabalho e os afazeres domésticos são beneficiados pelas tecnologias de uso doméstico. É comum as propagandas nos meios de comunicação anunciarem os aparelhos eletrodomésticos dando-lhes várias utilidades inclusive a de “liberar tempo” para viver a dupla jornada e ainda conviver com a “família” o discurso do mercado visa dessa forma legitimar a exploração contida na dupla jornada.



Sugestão de atividades:

- Pesquisar quais são as profissões das mulheres e dos homens e promover um debate sobre os papeis dos mesmos dentro de uma visão crítica;

- Debater em sala de aula: quem realiza o trabalho doméstico em sua casa?

- Debater com a sua comunidade as conseqüências da flexibilização dos direitos trabalhistas para as mulheres trabalhadoras;

- Debater na comunidade sobre a importância da licença maternidade e paternidade para os filhos, mães, pais e a família.

Sugestão de trabalho para as escolas.

Fonte: Revista Mátria – Publicação da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE (8 de março de 2003).

Coletivo Anti – Racismo

Professora Almerinda Cunha
Postado: 10/04/2012

                                                      



Professoras Negras: a estranha mania de ter fé na vida                                      

Nilma Lina Gomes
            A mulher negra professora que vi de perto me cativou pelas múltiplas faces que ela reflete, pelos conflitos de identidade em que tece sua condição de mulher e profissional. Vi, de perto, como outros a enxergam e como esses diversos olhares confundem o seu próprio olhar. Vi, também, que a pressão a que é submetida nem sempre consegue desfigurar sua auto-imagem.Sua consciência avança.
            Essa percepção leva à construção de um determinado tipo de prática pedagógica e de atuação política. Nesse sentido, não podemos negar que a escola é uma das instituições sociais que interfere ao longo do processo de construção da identidade racial das professoras e alunas (os) negras (os) e brancas (os).
           O processo de construção da identidade racial do negro brasileiro é marcado por lutas, ambigüidades, resistências e emoções. A trajetória escolar das professoras negras também. As entrevistas destacam o quanto a família, o círculo de amizades e os contatos com o Movimento Negro incidem na construção da identidade racial dessas professoras.
          A escola reproduz e repete um pensamento racista presente no nosso imaginário social, ela é também um espaço onde se dá a luta e a resistência da comunidade negra. A própria presença da mulher negra na educação escolar confirma essa premissa.
          O desafio de construir uma auto-imagem positiva da mulher negra, em uma sociedade que a exclui e discrimina, é uma marca do processo de construção da identidade racial das professoras. Tarefa difícil, mas não impossível. Tarefa que não apaga a força e a dignidade dessas mulheres.           Esse processo desafiador e conflituoso nos revela que as professoras, de um modo geral, encontram-se despreparadas para lidar com a questão racial na escola.
          A opção é pelo silêncio e pelo ocultamento. No caso da professora negra, soma-se o desafio que este trabalho representa, pois remete à sua própria história de vida e às marcas deixadas pelas experiências com o racismo e a discriminação.
         Os depoimentos das professoras nos mostram a difícil trajetória da mulher negra na sociedade brasileira para romper com o “lugar” a ela destinado pelo racismo. O peso do racismo é tão forte que negar a existência do preconceito e da discriminação racial torna-se uma forma de sobreviverem em meio a tantos conflitos e confrontos.
         O resultado deste trabalho sobre a realidade racial no Brasil nos mostra o quanto se faz contraditório que cursos de formação de professores continuem lançando, no mercado, profissionais pertencentes a segmentos étnicos-raciais que não debatem essa questão.
         Os movimentos sociais e a comunidade negra exigem da escola a adoção de práticas pedagógicas que contribuam na superação da discriminação racial e de gênero.
         É necessário que os educadores compreendam que a luta pelo direito à igualdade social não apaga as diferenças co-raciais. E que o racismo não conseguiu apagar a dignidade dos sujeitos negros que, em meio a este processo ditador, continuam lutando pela sua identidade racial.É o que nos mostra a história das mulheres negras professoras que vi de perto.


Sugestão de atividades:

- Pesquisar na grande imprensa e no cotidiano, fatos sobre as discriminações sofridas pelas mulheres negras;

- Usar texto e debater sobre preconceito racial e pesquisar na comunidade escolar, familiar e na sociedade qual é a condição de trabalho da mulher negra.

Sugestão de material a ser trabalho na escola.
Fonte: Revista Mátria – Publicação da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação – CNTE (8 de março de 2003).

Coletivo Anti – Racismo
Professora Almerinda Cunha
Postado 10/04/2012



O gênero na Escola.      
                       
Autora:Raquel Guisoni - Secretária de Relações de Gênero da CNTE)   
            A escola reproduz as distinções, desigualdades e as diferenças de gênero. Nem sempre percebemos esta realidade, e até mesmo cometemos o agravante de (re) produzir as discriminações contra a mulher. Isto acontece também na família, no trabalho, na igreja, na política, no sindicato, enfim, em toda sociedade de classes.
            Muitas vezes estas atitudes e ações discriminatórias de gênero, raça, etnia e classe passam a ser, de certa forma, entendidas como “naturais”, para as quais damos pouca atenção. O “natural” passa por “normal” e, assim, praticamos e concordamos com esta realidade, sem nenhuma consciência crítica.
            Nossa intenção é questionar, problematizar e analisar alguns aspectos, tanto da política educacional como sobre o cotidiano escolar, e, portanto, compartilhar inquietações, na perspectiva de estarmos atentos à nossa realidade escolar com a convicção de que é possível mudar, transformar, combatendo todas as formas de opressão, exploração e discriminação.
            A instituição escolar no Brasil era, inicialmente, apenas para alguns - homens e ricos - foi sendo modificada - e precisa continuar avançando na perspectiva de garantir escola pública, gratuita, laica, unitária para todos, desde a educação infantil até a universidade. - Portanto, temos que ter uma política educacional que, de fato, contemple esta proposta, visando uma educação democrática, uma educação não sexista.
            Quanto ao cotidiano escolar, é preciso que nós, profissionais de educação, analisemos quais são nossas concepções de “ser mulher” e “ser homem” e quais concepções ensinamos. Somos (re) produtores das discriminações e desigualdades entre os sexos ou assumimos a luta por uma educação não sexista?           Hoje temos a co-educação, que substituiu as escolas masculinas e femininas. Mas há igualdade entre os gêneros na instituição escolar?
            Analisemos algumas indagações: Notamos que no interior das escolas convivem meninos e meninas? Por que os meninos precisam de maior espaço? Por que as filas são separadas e a escolha de brinquedos e jogos é diferenciada segundo o sexo? Como é tratada a sexualidade na escola e por que a educação é considerada área de atuação feminina? Nos livros didáticos há estereótipos, a língua portuguesa é sexista?
            É de se esperar que os desempenhos nas diferentes disciplinas revelem as diferenças de interesse e aptidão “características” de cada gênero? É verdade que os meninos são mais agitados?
            Por que aulas separadas na educação física? Se analisarmos estas questões e outras, constatamos que não há igualdade entre os gêneros na instituição escolar. Precisamos questionar não só o que ensinamos, mas como ensinamos e que sentido nossas alunas e nossos alunos dão ao que aprendem.
            É necessário problematizar as teorias que orientam nosso trabalho. Precisamos estar atentos para a nossa linguagem procurando perceber a discriminação de gênero/racismo/classe. Precisamos desconfiar do que é tomado como natural, perceber também o que está oculto, o não dito, aquilo que é silenciado.
            A participação da escola, na construção de sujeitos femininos e masculinos, está relacionada com a concepção da sociedade. Nossa atuação deve ser na escola e também na sociedade. Entendemos que a escola não é só local de (re)produção como também lugar de conflitos e confrontos, envolvendo todos que atuam na escola e que podem questionar, criticar, rejeitar suas práticas numa perspectiva de resistência e mudanças para uma educação não sexista.
Sugestão de atividades:
- Observar na sua escola que situações demonstram tratamento diferenciado entre alunos e alunas e proponha alternativas;
- Promover entre o corpo docente, uma discussão sobre as relações e os estereótipos de gênero e o papel da escola como agente promotor da educação não-sexista.
Fonte: Revista MATRIA-8 de Março de 2003.
Coletivo Anti - Racismo
Professora Almerinda Cunha



Para não mais esquecer!


As datas assim como as leis padecem de uma espera e uma historicidade para sua penetração na sociedade. Umas “pegam” outras não. Explico-me melhor, tem datas e leis que passam a fazer parte do cotidiano das pessoas, passam a ser visíveis como é o caso do Dia Internacional da Mulher (8 de março) e da Lei Maria da Penha (que pune a violência cometida contra as mulheres) ambas com importante papel para o empoderamento das mulheres. Vale dizer que para essas o efeito não foi imediato, necessitou de grande empenho do movimento feminista e de outras instituições, inclusive as públicas.

No campo do combate ao racismo vale citar o Dia Internacional contra a Discriminação Racial (21 de Março) e a Lei 10.639 (que obriga o ensino da historia da África). Essas ainda precisam “pegar”. Embora os motivos para a invisibilidade sejam muitos, inclusive o racismo incutido nas mentes e atitudes no Brasil e no mundo, é importante mais uma vez investir em informações e reflexões.

O Dia Internacional contra a Discriminação Racial foi instituído pela Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas - ONU (por meio da Resolução 2142 de 26/12/1966). A motivação principal foi o fato ocorrido em 21 de março de 1960 no bairro de Shaperville, em Johanesburgo – África do Sul: houve um massacre onde 69 pessoas morreram e dezenas ficaram feridas. A polícia provocou o massacre de Shaperville perante uma manifestação pacifica contra a Lei do Passe, que obrigava a população negra a andar com cartões de identificação que estabeleciam os limites entre os locais de acesso permitido e as zonas proibidas. É importante ainda destacar que a África do Sul naquele momento vivia um intenso apartheid, que só teve seu fim oficial em 1994, também após muita luta mundial contra esse regime nefasto.

Esses não são fatos isolados, pois o racismo e as situações de desrespeito e sujeição à violência e a morte são fatos cotidianos em todo planeta.

Citei a pouco, diante da realidade brasileira a Lei 10.639. Esta instituída pelo Governo Federal em 09 de janeiro de 2003 (um dos primeiros atos do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva), ainda padece de esforços para sua implementação. Sua referencia é o ensino da Cultura Afrobrasileira e Africana nos setores públicos e privados do ensino Brasileiro.

Pois é, a sociedade brasileira e mundial vacila entre a manutenção das falácias históricas como a aptidão dos negros ao trabalho pesado, e, dos privilégios de poucos em detrimento de muitos como é o caso das qualificações e salários no mercado de trabalho, e, da possibilidade de avanços para a garantia do respeito aos direitos e a vida digna para todos. O movimento antirracismo brasileiro e internacional tem atuado incansavelmente para que a perspectiva vitoriosa seja a segunda.

Em 2004, foi aprovada pela ONU mais uma Resolução - “Democracia não combina com Racismo”, e com isso convoca os países a atuarem para a superação do racismo. Já é mais do que hora de reconhecermos as datas e leis que abrem caminhos para a democracia efetiva aqui e no mundo.

Nesse 21 de Março de 2012, a Secretaria Especial de Politica de Promoção da Igualdade Racial completa 9 (nove) anos, as ações para garantia de politicas publicas tem ocorrido nas ultimas décadas por parte das instituições publicas e privadas, mas ser ampliado o convencimento de que precisa de mais celeridade e investimento.

Também nesse ano ocorrerão eleições municipais. Há uma antiga pergunta que não quer calar: quantas/os serão as/os candidatas/os negras e negros? Ou até mesmo, como as formulações que apontam para a superação do racismo e o machismo estarão contempladas nos programas de governo? Quais os compromissos efetivos que as/os candidatas/os as Prefeituras e as Câmaras Municipais vão declarar em favor das negras e dos negros em suas campanhas?

É importante destacarmos a relevância do Dia Internacional contra a Discriminação Racial e da Lei 10.639, assim como dos diversos instrumentos que a sociedade brasileira tem a seu favor para fazer valer a igualdade, a justiça e os direitos sociais e raciais.

As datas, os fatos e as leis estão aí para nos lembrar de que é cotidiana nossa tarefa para a superação de preconceitos, discriminações e racismo. Não devemos ter duvida é um misto entre comemorar, refletir, formular, negociar e lutar.

Para não mais esquecer: Dia 21 de Março é o Dia Internacional contra a Discriminação Racial. E, esse é um chamado para todas as sociedades, como um fortalecimento para a efetivação das democracias!



Matilde Ribeiro

Doutoranda em Serviço Social na PUC/SP e Ex-ministra da Igualdade Racial

 Fonte: Coletivo Anti Racismo
Professora Almerinda Cunha
Postado: 10/04/2012 

Seguidores