Atraso no ano letivo deve privar alunos de Rio Branco e Cruzeiro das férias de julho
EVELY DIAS/ A GAZETA
Com o quadro efetivo de professores incompleto, escolas públicas de Cruzeiro do Sul e Rio Branco continuam com as aulas paralisadas. O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Acre (Sinteac) promoveu uma coletiva para esclarecer o atraso no ano letivo de 2013.
De acordo com João Sandim, presidente do Sinteac, a Secretaria Estadual de Educação (SEE) ainda está no processo de contratação dos professores. “Na semana passada houve uma reunião em Cruzeiro do Sul do sindicato, juntamente com a equipe gestora do município. Lá as aulas foram suspensas, em uma semana foram contratados apenas dois professores. Também nos reunimos com gestores da Capital, onde eles passaram as informações. Há escolas em Rio Branco que não iniciaram as aulas por falta de professores. Não é possível, à essa altura, a secretaria ainda estar contratando professores, sem falar da burocracia feita lá dentro. Eles esperaram para fazer um concurso no início do ano letivo”.
A lotação de professores também se tornou um problema. “As pessoas foram lotadas de qualquer forma. Toda escola tem um tipo de planejamento, não se explica o professor passar em um concurso e ser lotado em qualquer escola. Está acontecendo uma grande rotatividade e isso prejudica a qualidade de ensino. Já dialogamos demais e o problema está se arrastando. O começo do ano letivo já está comprometido e muitos alunos não terão férias por conta dessa desorganização”, disse João.
O sindicalista afirmou que concursos para cargos efetivos evitariam o transtorno. “É inadimissível, lamentamos muito a forma que a educação tem sido tratada no Estado. Queremos que o governador tome providências, da forma que está, vai chegar o final do mês de março e professores ainda estarão sendo contratados. Vamos encaminhar um documento ao governador, para que ele faça uma intervenção dentro da SEE. Se os concursos fossem para cargos efetivos evitaria esse tipo de transtorno. Há uma grande necessidade disso e quem perde são os nossos filhos e netos que precisam estudar, sem uma educação de qualidade. A qualidade de ensino aqui está caindo muito, justamente por causa dessas problemáticas criadas sem necessidade. Há uma falta de planejamento”.
Justino Queiroz, presidente do Colegiado de Professores, esteve presente na coletiva. Ele ressaltou que pais de alunos estão cobrando dos diretores das escolas, mas que eles não podem fazer nada para resolver a questão. “Infelizmente estão acontecendo problemas de lotação em algumas escolas por conta do processo da empresa responsável. Insentamos os diretores. Em contato com eles, temos percebido que em algumas comunidades estão achando que os diretores são culpados, pelo fato dos professores ainda não estarem em sala de aula. Não temos o poder de autonomia de contratar os professores. O secretário Daniel Zen está fazendo esforços para resolver essa problemática o mais rápido possível. Se dependesse da gente, o ano letivo teria começado no dia 18 de fevereiro, mas o nosso quadro de lotação deixa a desejar”, concluiu.
Sinteac: falta de professores deixa alunos fora da escola
(Bruna Lopes / A TRIBUNA)
O Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Acre (Sinteac) convocou a imprensa na manhã desta terça-feira (12), para esclarecer sobre a situação das escolas que ainda estão com o quadro de professores incompleto. Segundo o Justino Queiroz, representante do Colegiado de Diretores das Escolas Públicas do Acre (Codep), os pais atribuem esse problema a escola, e nesse caso, ela é tão vítima quanto as crianças que ainda não estão estudando.
Desde a última quinta-feira (7), os diretores suspenderam as aulas em Cruzeiro do Sul, mas segundo o presidente do Sinteac, João Sandin, existe a expectativa de que a situação seja normalizada a partir de hoje (13). “Queremos que as comunidades entendam que não é culpa dos professores ou da direção da escola essa situação. Temos conhecimento de que funcionários estão sofrendo intimidações em algumas escolas. Entendemos o lado dos pais, mas a escola sozinha não pode resolver”, destaca o presidente.
João Sandim diz que a questão seria resolvida se houvesse a contratação de professores efetivos. “Fizemos um levantamento e vimos que 80% do quadro de professores da secretaria é de provisórios, então está provado que há uma grande necessidade de profissionais. A Secretaria tem que fazer um concurso para o quadro efetivo e buscar estabilizar esse quadro para que no próximo ano não passemos por esse problema”, destaca.
Rio Branco também não escapa do problema da falta de professores, segundo a Secretaria Estadual de Educação (SEE), faltam cerca de 8% das vagas a serem preenchidas. O início das aulas estava previsto para começar no último dia 18 de fevereiro, mas devido a falta de professores, foi adiada para o dia 25. Mesmo assim, algumas turmas ainda iniciaram o ano letivo de 2013.
No Colégio Estadual Humberto de Alencar Castelo Branco, no bairro Aviário, faltam de dois professores para completar o quadro, com isso, duas turmas ainda não iniciaram o ano letivo. Segundo a diretora Doralice Dias, cerca de 60 crianças estão sem aulas. “Pedimos aos pais que entrem em contato com a escola para saber sobre o início das aulas. Sabemos que é um transtorno para eles, mas também estamos as providências da Secretária”, destaca a diretora.
Na escola João Mariano, localizada no bairro Taquari, a falta de três professores fez com que mais de 100 alunos no turno da manhã, ainda estejam sem estudar. O coordenador de ensino, Josué Francisco da Silva, destaca que a escola também precisa de professores no período da tarde e noite. “Tomara que essa situação logo se estabeleça, a comunidade está cobrando demais a escola para o início das aulas. A medida que os professores sejam lotados, entraremos em contato com a família do aluno para comunicar a data para início das aulas”, explica o coordenador.
SEE: prazo de 10 dias para convocar professores
A Secretaria Estadual de Educação (SEE/AC) confirma que novas convocações estão sendo realizadas, como por exemplo, a desta terça-feira (12), numa lista com 70 nomes. Mas, os candidatos se apresentando ou não, a instituição deve esperar 10 dias para uma nova convocação.
Esse prazo é dado para que o candidato apresente os documentos necessários e assine o contrato. Mas, muitos candidatos preferiram escolher a convocação de outros concursos. Na tentativa de resolver definitivamente essa situação, a Secretária já está selecionando currículos de professores para contratação.